quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O Rio De Janeiro e as favelas Cariocas

Mais do que uma grave questão social, as favelas cariocas são fruto do “progresso” projetado pelo governo republicano de Rodrigues Alves, tendo seu surgimento datado em 1897 no morro da Providência no centro do Rio de Janeiro.
Para melhor compreendermos o surgimento das favelas cariocas, precisamos “mergulhar” ao final do século XIX, mais específico a última década deste século, e observarmos os acontecimentos da época. A República, a pouco instalada no Brasil, necessitava remodelar o país, dando-lhe uma nova identidade, que não mais a estrutura imperial. Para tanto, escreve Jorge Caldeira:

A realização das promessas da República, segundo a visão de liberais e positivistas, pôde afinal ser tentada por Rodrigues Alves. Para isso, concentrou poderes nas mãos de técnicos, que impuseram suas idéias com violência. Limitou suas obras à capital do país, a fim de transformá-la em modelo de metrópole. Demoliu meia cidade colonial para abrir uma avenida ‘belle époque’, arrasou morros para construir um porto e uma segunda avenida. Em nome da higiene, fez guerra aos pobres, afastados do centro para longe do cenário de progresso urbano.

Ao que parece a população pobre, entre eles escravos libertos, brancos pobres, alguns soldados dissidentes da guerra de canudos, etc. não estavam incluídos nos planos desta reestruturação arquitetônica que transformaria para sempre a capital da jovem república brasileira.
A população carioca desafortunada morava em casa de taipa, localizadas em ruas estreitas com precário saneamento, na região central do Rio de Janeiro, pois o centro oferecia-lhes inúmeros trabalhos, além da proximidade de onde circulavam os negócios da cidade.
Já os ricos morando em chácaras ou casarões afastados do centro urbano, nas localidades de Botafogo, Catete e Laranjeiras, mantinham apenas seus negócios na área central da capital brasileira, bem como a sede de seus escritórios.
No entanto, o presidente Rodrigues Alves queria transformar radicalmente esta realidade do centro carioca, dando ares de “civilidade” ao Rio de Janeiro com largas avenidas, com prédios comerciais, espaços para grandes carruagens e obras que evidenciariam o progresso pretendido.
Os pobres que habitavam a região central carioca, até foram avisados das significativas mudanças que ocorreriam, porém teriam apenas um curtíssimo prazo para retirarem-se de suas moradias. A destruição das casas de taipa ocorrera por completo, e muitos dos antigos moradores tiveram tempo para recolher apenas alguns objetos pessoais.
As novas avenidas centrais teriam 28m de largura ao invés dos 5m ou 10m que antes ostentavam. Os prédios comerciais a serem construídos teriam um estilo eclético. Este vigente na Europa do final do século XIX.
O modelo de avanço e progresso para a cidade do Rio de Janeiro, a qual pretendia mostrar-se para o estrangeiro, tornando-se uma “cidade ‘civilizada’ na qual os pobres passavam a ser mantidos a distância” (Caldeira, 1997. Pg. 245), privilegiaria apenas uma pequena parcela da população.
Iniciava-se a ocupação dos morros cariocas pelos moradores expulsos que antes residiam na parte central da “cidade maravilhosa”, mas que agora não mais possuíam seus espaços de lazer e moradia. O progresso significou, conforme Caldeira 1997. Pg. 245, “uma onda de terror” àqueles desafortunados que, sem alternativas, foram obrigados a construírem barracos de madeiras nos morros, sem ruas disponíveis, saneamento adequado ou organização por parte do governo.
O progresso, ao passo que desenvolve parte da cidade, cobra um preço alto daqueles cidadãos empurrados para longe do “centro civilizado”, ou seja, para os mais ricos o desenvolvimento era um fato, ao passo que para os pobres este mesmo desenvolvimento se torna um tormento.

Autor:
 Professor de História, Marco Barcelos. (04/01/2011)

  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

- Viagem pela História do Brasil / Jorge Caldeira... l et. al. l. – São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
- www.infoescola.com visitado em 04/01/2011.
- www.coepbrasil.org.br visitado em 04/01/2011.
- www.cefestsp.br/edu/eso visitado em 04/01/2011.

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